terça-feira, 1 de novembro de 2011

Resposta à Gilberto Dimenstein

Resposta à Gilberto Dimenstein


No último dia 30, o jornalista Gilberto Dimenstein expressou em seu blog que sentia – eu o cito - ''um misto de vergonha e enjoo ao receber centenas de comentários de leitores para a minha coluna sobre o câncer de Lula''.


O colunista da Folha continua, frases abaixo: ''Centenas de e-mails pediam que Lula não se tratasse num hospital de elite, mas no SUS para supostamente mostrar solidariedade com os mais pobres. É de uma tolice sem tamanho. O que provoca tanto ódio de uma minoria?''. Faço aqui meu primeiro remarque. Dimenstein considera uma tolice sem tamanho, e uma atitude repleta de ódio, pedir que o ex-Presidente da República se trate no SUS. Gostaria muito de entender onde estaria o ódio dessas pessoas? Reivindicar que o ex-Presidente da República se trate no mesmo sistema que a maioria da população, não me parece um ato de ódio, mas uma crítica severa a um governo que teve muitos méritos, mas está longe de ter sido, para não dizer mais, ideologicamente contundente.


Por fim, e aqui acredito que a crítica de Dimenstein chegue a beirar o absurdo, ''Lula teve muitos problemas --e merece ser criticado por muitas coisas, a começar por uma conivência com a corrupção. Mas não foi um ditador, manteve as regras democráticas e a economia crescendo, investiu como nunca no social.''


Não são a favor que Lula trate de seu câncer em hospitais do SUS, muito menos que tirem sarro de sua situação. Isso não significa, entretanto, que aqueles que achem que ele deveria ser tratado no SUS seriam cínicos, maldosos e tolos.


Mas o que mais me assombra nesta coluna de Dimenstein é uma certa associação que permeia todo o texto, relacionando o fato de se tratar no SUS com uma punição. Lula merece críticas, mas não foi um ditador, e investiu no social. Logo, seguindo a lógica de Dimenstein, ele não merece se tratar no SUS. Ele merece algo melhor, pois, como qualquer pessoa com renda, vai se dispôr à pagar duas vezes pelo mesmo serviço, a saúde pública e a privada.


A campanha para que Lula faça seu tratamento em hospitais do SUS deve ser olhada de outra maneira, como uma provocação ao putrificado Estado brasileiro; e não como a interpreta Dimenstein, como uma afronta ao presidente. A campanha toca numa questão central – que vale também para toda a problemática da educação: o SUS não vai mudar efetivamente enquanto não houver vontade política para mudá-lo. Ora, e só não há vontade política para mudá-lo pois Lula, Dimenstein, e eu, nos dispomos à ir para hospitais privados, ao invés de reivindicar um sistema público de qualidade, gratuito, e para todas e todos.


Ressalto todo meu apoio e boas vibrações para a cura de Lula!


Por fim, resta saber: Aqueles que defendem que o Lula deveria se tratar no SUS, teriam a mesma postura caso o doente em questão fosse FHC?

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